quinta-feira, 29 de setembro de 2016




Era um pássaro alto como um mapa
 e que devorava o azul 
 como nós devoramos o nosso amor. 

Era a sombra de uma mão sozinha
 num espaço impossivelmente vasto 
 perdido na sua própria extensão. 

Era a chegada de uma muito longa viagem 
 diante de uma porta de sal
 dentro de um pequeno diamante. 

Era um arranha-céus
 regressado do fundo do mar. 

Era um mar em forma de serpente 
 dentro da sombra de um lírio. 

Era a areia e o vento 
 como escravos
 atados por dentro ao azul do luar. 







 Artur do Cruzeiro Seixas