quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Os livros fecharam-se com a nossa história dentro deles




O tempo cobre-se de musgo. Mas reconhecerei as ruínas daquilo que amei, daquilo que nomeei para entender o mundo. A vida já ali não estará, e eu lembro-me: nenhum recanto dos gestos me era desconhecido. Nenhuma sedução me era estranha. A noite foi-se tornando cada vez mais pesada sobre os ombros. As roupas deixaram de estilhaçar debaixo das carícias. Os olhares foram-se fixando, horas a fio, por entre os papéis amachucados, atirados ao chão. A máquina de escrever parou. Os livros encheram-se de poeira, fecharam-se para sempre com a nossa história dentro deles. Não voltaram a abrir-se. 






 Al Berto

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